quinta-feira, 10 de julho de 2014

Sociedade de estereótipos


Quem me conhece, sabe o quanto não sou a favor dos Contos de Fadas tradicionais, aqueles que são considerados clássicos da Disney, e que fizeram muito sucesso inicialmente quando eu era uma menininha, mas o que me assusta é que até hoje eles são passados com seus ensinamentos, criando sonhos na cabeça das pequeninas.

Não é que acho que a criança deve ser privada de viver a sua infância, mas precisa mesmo dizer que toda menina só é princesa porque espera o príncipe encantado pra ser feliz para sempre? Olha o que tem de “subliminar” nisso. E como continuamos proliferando o comportamento idealizado de homem perfeito, e do que é ser verdadeiramente príncipe?

O engraçado disso tudo? Que educamos princesas em busca de receber um beijo apaixonado para acordar do sono profundo da solidão, enquanto, do outro lado, criamos sapos que vivem em busca de uma isca fácil apenas para se alimentar na hora do desejo latente.

Vamos combinar que já deu isso de se padronizar totalmente os comportamentos, e com isso de criar estereótipos femininos. As mulheres queimaram sutiã pela independência, e hoje devemos lutar pela autonomia de se viver de acordo ao que se acredita.


Será que precisa realmente pensar que...?
Toda mulher que bebe é alcoólatra.
Toda mulher que gosta de sexo é promíscua.
Toda mulher que tem muitos amigos homens é piriguete.
Toda mulher que não sabe cozinhar, não está pronta para casar.
Toda mulher tem obrigação de ser mãe antes dos 35 anos.
Toda mulher que gosta de sair é festeira (ou do mundo).
Toda mulher que gosta de se vestir bem é consumista.
Toda mulher que não é vaidosa é “sapatão”.
Toda mulher que fica com mais de um cara em uma noite é libertina.
Toda mulher deve ser Amélia, afinal ela que era mulher de verdade.
Toda mulher não deve transar no primeiro encontro, por que se isso acontecer? Ela é puta!
E o principal? Que toda mulher precisa de um homem para se sentir feliz!



Enfim...Chega de listinha de perfil de como ser mulher, porque desse jeito vivemos em um mundo cada vez mais chato e careta!


* Click: Reprodução

quinta-feira, 29 de maio de 2014

A sociedade do “politicamente correto”.




Sempre escutei que a sociedade vem passando por transformações. Escuto tudo atentamente e começo a observar o ambiente ao meu redor, e o que vejo? Um mundo cada vez mais conectado, mais evoluído no sentindo de tecnologia e globalização, mas em compensação, será que as mentalidades humanas estão acompanhando realmente esses avanços?

Hoje enquanto estava lendo algumas notas na internet, uma matéria da revista, exame, me chamou bastante atenção. O motivo? A publicação dizia que o CONAR recebeu diversas denúncias femininas sobre o comercial da empresa “Bom Negócio”, estrelado pelo cantor baiano, “Cumpadre Washington”. A mulherada acha que o termo “ordinária”(utilizado na peça) é ofensivo e extrapola os limites do humor.

Esse caso é apenas um em um milhão. A cada dia o CONAR interfere em alguns conteúdos publicitários, porque o consumidor acha agressivo ou coisas do tipo, porém, esse acontecimento de intolerância ao humor não vem ocorrendo apenas na publicidade, e sim, em todo o contexto social.

As pessoas estão se tornando cada vez mais intolerantes e obcecadas pelo “politicamente correto”, e o mundo? Vem se tornando um universo de hipocrisia cada vez mais falso e chato. O discurso está cada vez mais embasado no que é certo, porém, não vejo essas pessoas praticando isso em suas vidas e rotinas.

O que adianta viver em um mundo careta, mas que existe a falta de respeito, educação e sentimento com o próximo? Essas pessoas que se manifestam contra esse tipo de conteúdo são as mesmas que vivem na lei do capitalismo selvagem, e que muitas vezes não está nem aí para o que não atinge o seu umbigo.

Será que essas pessoas acham que assim faremos um mundo melhor? Não! O preconceito não está nesse tipo de conteúdo, mas sim, no comportamento de um com o outro e na mentalidade de cada um, eu, como mulher, não me senti ofendida, porque ofensa pra mim é uma mulher ser agredida, tratada como inferior ao sexo masculino ou coisas do tipo.

Do que adianta se achar ofendida com o termo “ordinária”, se ordinário é ver pessoas morrendo de fome, pessoas sendo maltratadas porque não pertencem a uma determinada classe, etnia, cultura ou religião? Acorda meu povo! Porque ordinário é viver em um mundo alienado, já que a ideologia é sustentada por um discurso vazio e sem fundamento. Vamos parar de problematizar o que não deve ser problematizado. 

* Foto: Reprodução
*Vídeo: O filósofo Olavo Carvalho diz o que é politicamente correto. - Acesse: http://www.youtube.com/watch?v=pHKiDngGBq0


quinta-feira, 1 de maio de 2014

Você acredita no Poliamor?


As pessoas insistem em viver uma modernidade que me gera alguns questionamentos. Não sou careta e muito menos vivo no mundo das maravilhas de Alice, porém não sei se amar várias pessoas ao mesmo tempo já é bem visto e acima de tudo aceito por nossa sociedade.

Estava vendo um documentário sobre o poliamor, já conhecia sobre o tema, e acompanho as notícias deste assunto, mas quando vi essas pessoas falando do poliamor achei tudo muito confuso e paradoxal, e por quê? Não acho estranho ninguém amar duas pessoas ao mesmo tempo, sei que é normal e que isso pode acontecer até mesmo nas melhores famílias, mas me questionei se a pessoa que sente o poliamor aceitaria que o outro também vivesse isso?

Observo que quando se fala do poliamor é como se as pessoas amassem igualmente as duas, e sabemos que ninguém ama de maneira igual. As pessoas são diferentes, as situações são distintas e as formas de lidar com o outro jamais serão iguais às outras.

Para quem não sabe, o poliamor é amar e ser amado por várias pessoas ao mesmo tempo. Acredita-se que nesse tipo de relação, não há traições, todos os envolvidos sabem e concordam com a não exclusividade de apenas um parceiro.

Concordo quando uma das mulheres diz que quem ama pode sentir desejo sexual por outra pessoa, lógico, acho normal, e não vejo problema em alguém ter transado com outra e nem que por isso ela deixou de amar, mas o que acontece na prática é que quem transa não assume que transou porque quis e/ou se sentiu atraído, e sim porque o outro era uma “presa fácil”, o que acaba gerando a transferência da responsabilidade de sua decisão.

Percebo que nós acabamos limitando os relacionamentos, porque eles devem ser: modernos ou caretas, mas quem define isso? Em ambos os casos existem várias regras que limitam a espontaneidade do ser, existindo sempre um modelo a ser seguido.

A meu ver o relacionamento deve ser construído de acordo as leis e crenças que o casal acredita ser melhor para eles. É preciso criar suas próprias regras e se permitir viver o que você crer ser o melhor para o seu eu e relação, independente do que as pessoas vão falar e/ou pensar. É difícil? Sim! Super, mas não é impossível, se você reconhece e assume o que você quer e o que lhe faz bem.


* Foto: Reprodução


PS: Para os interessados em assistir o documentário, segue o link: http://vimeo.com/23988620



quarta-feira, 23 de abril de 2014

A infelicidade da felicidade


Há alguns dias estive na livraria cultura da cidade de São Paulo, e quando cheguei ao local fui “obrigada” a passar pelos livros mais vendidos. O que encontrei por lá? Muitos autores, de diferentes culturas, sexos e mundos, mas todos falando uma mesma linguagem: a infelicidade.

Observo que cada vez mais vivemos em uma busca desesperada e eterna pela felicidade. E o que é ser feliz? Não consigo achar uma denominação exata do que seria ser feliz para a humanidade, afinal para uns a felicidade está associada a comprar/ganhar um carro, emprego, casa, dinheiro, saúde e muitos outros aspectos, porém o que mais prevalece é o de se conquistar a paz de espírito via o amor.

Enquanto estive na livraria, e li alguns trechos dos livros lançados, vi que todos giram em torno da receita de sair da infelicidade e encontrar a felicidade, além de qual caminho deve ser perseguido. Confesso que me senti desmotivada, porque esse é o reflexo da nossa sociedade que está cada vez mais frustrada, alienada e ansiosa por obter resultados tangíveis do que é ser feliz.

É enlouquecedor olhar para o lado e ver como as pessoas paralisam a vida quando tudo não sai a contento. É irritante viver esperando sempre mais e mais do outro, porque no fundo não estamos concentrados no EU e sim no nosso EU refletido em um espelho representado por uma multidão.

Parece que temos a obrigação de viver sempre bem, de estar sempre “sorrindo e achando tudo lindo”, porque isso que é ser feliz. Acabamos vivendo sempre em função do outro, nos anulando cada vez mais, e esquecendo que todos nós temos uma voz interior que diz qual é o caminho que fará bem a nossa alma. Não sei se esse caminho nos leva a felicidade, mas que nos permite viver em paz e acreditando que o “Hoje é melhor que ontem. E o amanhã será melhor que hoje”.

Freud já dizia que “a vida do indivíduo é a busca constante pela realização da satisfação do prazer”, mas esquecemos que o prazer não é eterno, ele dura apenas alguns segundos maravilhando a nossa alma e fazendo com que a gente se sinta vivo. A felicidade não é permanente, porque é preciso viver o desprazer para poder reconhecer o prazer.

Somos diariamente privados de viver a nossa verdade, e sabe por quê? Porque é preciso viver as regras para se sentir inserido e ser aceito em determinado contexto, porém, ninguém deve ir contra o sistema, mas sabe até onde o sistema pode determinar a sua vida, sonhos e desejos. É preciso coragem para assumir a sua voz no meio de tantas vozes. É necessário entender que o “pra sempre, sempre acaba”, já dizia Nando Reis, na canção “segundo o sol”.


* Foto: Reprodução.