O
programa, Amor e sexo, da rede Globo, colocou em questão ontem se os pais devem
ou não contar os famosos contos de fadas para as meninas da nossa geração.
E
como era de se esperar a opinião que prevaleceu é que se deve realmente contar
essas histórias de branca de neve, a bela adormecida e cinderela para as
crianças contemporâneas.
Achei
engraçado ver todo aquele espetáculo em cima da psicanalista e sexóloga, Regina
Navarro, que defendia a idéia de que os contos de fadas são mensagens
subliminares de perfil a ser seguido de como a mulher deve se comportar para
conseguir o homem ideal e dos sonhos.
O
que mais gosto nessas discussões é que muitos não entendem a posição da
sexóloga, que se diz contra a essas histórias infantis por existir uma
PADRONIZAÇÃO DOS RELACIONAMENTOS, ou seja, as pessoas são diferentes, com
necessidades e desejos diferentes, sem esquecer, que vivemos no mundo real e
que esse perfil de homem demonstrado nos contos de fadas não existe.
Acredito
que cada um deve fazer o seu relacionamento como quiser desde que os dois
envolvidos (o casal) estejam em comum acordo, e não um querendo e o outro não,
mas o que não quer faz apenas para agradar o outro.
Na
prática somos educadas desde crianças a estudar (hoje em dia) e a procurar
homens com perfis categoria dos príncipes encantados relatados nas histórias,
porém, como o nome já diz ENCANTO, e encanto tem prazo de validade, e isso
acaba.
A realidade
minha cara colega, é que vivemos na IDEALIZAÇÃO DO PARCEIRO, e ele não existe,
porque a idealização é sua e não do universo e do homem. Não vamos encontrar
ninguém perfeito e aprendemos sempre a procurar a perfeição transmitida
subliminarmente nesses benditos contos de fadas.
Em
uma análise rápida, podemos perceber que os homens são educados de maneira
diferente das meninas. Eles sonham em ser os super-heróis, vencer e conquistar
o mundo, enquanto as meninas sonham em ser uma princesa que não fala alto, não
grita, vive a esperar o homem salva-la da vida medíocre que vive, e o mais
interessante, a vida miserável das princesas são conseqüências de mulheres
invejosas que desejam ter a beleza , educação e comportamento das princesas que
são as escolhidas dos príncipes para se tornarem suas esposas.
Muitas
mulheres se comportam como as mulheres que jogam a praga nas princesas, vivem
na busca eterna de conseguir um namorado a todo custo, nem que para isso,
precise se adequar ao perfil de princesa, como as irmãs emprestadas da
Cinderela que fazem de tudo para que os pés encaixem e se moldem de forma
perfeita no sapatinho de cristal.
Nos
contos de fadas a mulher é frágil, bela e vive a espera de um casamento para
deixá-la feliz para sempre. Já o príncipe encantado é um homem corajoso,
bonito, rico, espirituoso, poderoso e desejado por todas as mulheres do
reinado, criando a rivalidade e a inveja entre as mulheres.
Já
nas histórias para os meninos o fim é bem diferente, eles terminam salvando o
mundo, o que se assemelha, é que o super-herói tem o perfil parecido com o do
príncipe encantado e que sempre tem uma bela mulher esperando por ele. Com isso
as meninas inconscientemente aprendem que elas são as princesas e os meninos
super-heróis.
Os
homens crescem querendo conquistar o seu espaço no mundo, a vencer na vida. Já
as mulheres crescem em busca do amor idealizado, do amor inexistente, e muitas
chegam a viver eternamente em um mundo de conto de fadas, e esquecem que os
contos não contam como é a vida depois de conseguir o príncipe encantado, já
que ela acaba no “viveram felizes para sempre”.
As
histórias não colocam a vida a dois, porque com toda certeza, após o fim para
sempre deve ter panela voando, briga da mulher falando que o marido bebeu
demais no happy hour e por aí segue a lista de dificuldades que se encontra em
uma relação para viver a dois e que é normal, já que se trata de pessoas com
educações e costumes diferentes e que precisam juntos construir o modelo de
vida a dois.
Até
hoje muitas mulheres ainda vivem a espera de encontrar o grande amor da sua
vida, o príncipe encantado, um exemplo prático disso, é a virgindade, que para
mulher é diferente do homem e por que isso acontece? Porque as criações e
convenções que aprendemos ao longo de nossa formação influenciam de que a
mulher deve esperar esse homem para entregar o seu corpo como se estivesse
entregando a sua vida e alma.
Muitas
meninas até chegam a ter suas frustrações por isso, porque acreditam ter
encontrado o príncipe encantado e se entregam a ele, afinal o perfil idealizado
pode não ser o encontrado e a expectativa acaba levando a frustração. As
mulheres esquecem que para acabar
com essas dores e conseguir ter um relacionamento legal com alguém, ela deve
assumir a vida, como ela é, além é claro, de diminuir a expectativa e trabalhar
com a realidade.
Não
sou contra aos contos de fada, sou contra a essa idealização, a esse contexto
que preza a padronização que faz com que as meninas se comportem de forma igual
à princesa para conseguir o príncipe (o homem perfeito).
Eu,
por exemplo, adoro histórias como: Shrek, A bela e a fera e Valente,
porque eles já mudam um pouco o roteiro de perfeição, da procura do ideal, e da
mulher que vive sonhando em se casar com o homem que vai lhe proteger e salvar.
Pelo contrário, elas são perfis de heroínas que fogem da normalidade
acontecendo assim à quebra de paradigma.
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