DIÁRIO DE SP: A Distância

A mudança  sempre acontece na vida de muita gente, o ser humano é movido por ela, e quando menos esperamos, já chegou à hora de mudar ou de procurar o novo. Alguns se assustam com ela, outros acham o máximo e são movidos por mudanças, mas eu, particularmente sempre fico com receio do novo, como diz no popular, me sinto pisando em ovos.

Sempre tive vontade de estudar ciências de consumo, desde quando entrei na faculdade e tive a oportunidade de conhecer o universo infinito e inteligente que é o comportamento do consumidor. E como a minha cidade natal, não tem o curso, decidi investir em um fora mesmo.

No começo é tudo assustador, você começa a se organizar, a ficar empolgada e a pensar milhares de coisas de como vai ser, quem vai conhecer e como será sua vida desde então, porém o mais difícil disso tudo é saber que nem sempre você terá o colo de seus familiares e amigos, e como será a sua adaptação a partir deste momento.

Pensei e repensei se era isso mesmo que queria e comecei a me preparar psicologicamente. No início não tem como você ser a mesma pessoa, você sente um vazio e começa a ver que na vida por mais que tenhamos gente que torce, te ama e emana tudo de bom pra você, a realidade é que no fim somos mesmo sozinhos e únicos, meio solitário isso? Sim, não deixa de ser, afinal é você que sempre foi ligada a tudo e a todos, mudar drasticamente de casa, amigos, posturas, afazeres, deveres e principalmente de cultura é muito diferente e acima de tudo solitário.

Sempre me pego pensando: “o que será que fulano está fazendo agora? E se eu estivesse em determinado lugar o que estaria fazendo?”, e essas perguntas não podem ser respondidas, aí é a hora que você decide ligar pra alguém de sua família e conversar horas como se vocês estivessem  pertinho e se vendo sempre.

A distância ela dificulta a comunicação diária, mas não é impossível manter o contato, afinal graças à tecnologia, hoje conseguimos fazer videoconferência, falar horas no telefone e pagar tarifas relativamente baratas. Na hora que você liga, é aquela festa, milhões de novidades e o coração batendo muito forte de saudade, mas se sentindo feliz em saber que tudo está caminhando para o bem e que as coisas estão se ajustando. A partir de então, a sua vida é essa, é saber escutar, falar e lembrar que a distância ela é física, porque de sentimento e de comunicação, ela não acontece, o que eu agradeço todo dia a Deus por pertencer a essa era.

Depois de longas chamadas de vídeo com minha família, eu fiquei pensando: “E como era essa comunicação à distância no passado?”, confesso que cheguei à conclusão que deveria ser desesperador morar  em outra cidade, porque você só podia falar com a família  uma vez ou outra, mas me sinto imensamente feliz em não ter vivido nessa época, de fazer parte da geração dependente de atenção e comunicação, sendo ela virtual ou não, de pertencer ao universo do skype, facebook, viber, whats app, email, celular e afins, afinal eles são os responsáveis em me fazer sempre ter notícia e saber como está tudo, e de me sentir sempre juntinha das pessoas que amo, como se estivesse lá ao vivo e a cores.

A distância ela existe, mas posso dizer que ela hoje é momentânea e física, porque a evolução das ferramentas utilizadas para a comunicação permite a gente em viver de uma nova maneira, e de se adaptar e acreditar que estamos mesmo morando na mesma cidade, mas apenas em bairros diferentes ou sem tempo de se ver pessoalmente, e assim vamos aprendendo a viver com ela.

* Foto: Reprodução