Essa
semana, eu recebi um presente de aniversário maravilhoso, um grande amigo meu
de São Paulo, decidiu me presentear com um ingresso para curtir o show de Ivete
Sangalo e Saulo Fernandes aqui em SP,
mais precisamente no Espaço das Américas.
Assim
que cheguei à casa de show, eu pirei na localização, porque você pode ir de
metrô tranquilamente sem nenhum trauma e estresse, sem contar que você acaba
fazendo aquela economia, já que o estacionamento custava nada mais nada menos que
R$ 50 reais (juro que na hora pensei: “toda
a população soteropolitana reclama horrores porque o estacionamento no Festival
de Verão de Salvador, custa entre 15 a 20 reais, imagine se estivessem aqui?”
Sem esquecer que o valor do estacionamento é o mesmo da meia da pista), e
também porque a casa é bem distante e aí gastaria uma fortuna com táxi.
Na
entrada tudo estava como previsto, porém achei pouca gente na porta e pouco
vendedor ambulante, porque em Salvador vira uma verdadeira feira da cachaça e
as pessoas já entram no show daquele jeito. Ainda na portaria, comecei a
observar as roupas femininas e confesso, me divertir horrores, aqui as pessoas
se arrumam diferente no show de axé, tipo a grande maioria faz o estilo conhecido
como “piriguete” na Bahia, short curtíssimo, salto e uma camisa super decotada,
quando não se está de top ou com aquelas roupas justíssimas.
Finalmente
entrei na casa e fiquei passada com a estrutura e a acústica (e olha que o meu
amigo me disse que essa é uma das casas mais fracas daqui), o meu espanto maior
foi ver que o valor do ingresso justifica totalmente o local do show, já que em
Salvador pagamos o mesmo preço ou mais caro por locais totalmente armengados e
despreparados para receber o público dignamente. Cheguei à conclusão que o
entretenimento em Salvador está caríssimo para a realidade de remuneração da
cidade e para a estrutura oferecida aos seus clientes.
A
primeira atração da noite foi à musa Ivete
Sangalo, e ela entrou cantando “No brilho desse olhar”, o que levou toda a
casa a loucura e milhares de câmeras e celulares ligados gravando tudo e/ou
fotografando a cantora, as pessoas aqui, são totalmente enlouquecidas por Ivetinha,
e a sua entrada só causou um tumulto de leve, porque todos queriam registrar
esse momento, mas nada se compara ao reboliço que a entrada de Veveta causa em
Salvador, inclusive esse foi o primeiro show de Ivete que consegui dançar
tranquilamente, acho até que se eu quisesse podia sair dando estrela no lugar
que não me bateria com ninguém (momento drama), e olha que estava lotado e com
ingressos esgotados.
O
show de Ivete foi muito baseado no seu mais novo CD, Real Fantasia, e com
algumas músicas bem lentinhas, acho que ela cantou umas 5 músicas lentas, e na
hora comentei com meu amigo: “se ela faz
um show desse em Salvador, ela seria vaiada e apedrejada, porque lá tem música
lenta, mas nós queremos é pancada”, mas o que me chamou atenção foi o comportamento
do público, o paulista não se entrega a energia da baiana, eles são mais calmos
e contidos até mesmo em um show de axé, e o mais interessante de tudo foi
perceber que esse evento tinha como público pessoas de classe média e alta, ou
seja, muito destoante de Salvador, não tinha o povão, porque vamos combinar que
Ivete arrasta a Bahia inteira de gente rica à pobre, mas o público predominante
no seu show é o povão mesmo, podendo ser percebido pelo valor reduzido dos
ingressos cobrados por ela quando realiza show na cidade, tenho que confessar
que senti falta dessa agonia e do empurra empurra que o baiano faz (risos).
Esperava
muito mais do show de Ivete Sangalo, mas não tem como não amar aquela mulher,
porque não é qualquer uma que chega a outra cidade e larga um “porra” aberto e
com muita tranqüilidade no meio do palco, o que representa muito a Bahia, um baiano
não falar “porra” é irreal, mas o melhor momento do seu show foi quando ela
cantou o medley de Eva (aquele que ela canta no DVD gravado em Nova York), meu
olho encheu de lágrima, sem esquecer a hora que ela cantou a canção do Cidade
Negra, “onde você mora?”, essa letra condiz muito com o meu momento atual,
afinal “não quero estar de fora. Aonde
está você? Eu tive que ir embora, mesmo querendo ficar”, estou amando está
em SP, mas amo mais ainda a minha Bahia e quero senti-la sempre bem pertinho de
mim, nem que para isso eu precise ligar milhares de vezes para meus amados
companheiros de Salvador, escutando full
time músicas de axé ou indo curtir um show dos cantores da Bahia.
O
segundo e último show, foi de meu amor Saulo Fernandes, particularmente achei o
show dele infinitamente melhor que o de Ivete, porém fiquei meio triste em ver
que ele aqui não faz tanto sucesso como em Salvador. Saulo com seu violão me
fez viajar e me sentir na Bahia por questão de segundos, a baianidade estava
expressa em seu show, foi impossível conter as lágrimas quando ele começou a
cantar os clássicos do carnaval de Salvador, como “baianidade nagô”, chorei
litros e fui motivo de risada dos seguranças que estavam por perto (risos).
Senti
uma saudade infinita da minha terra e da energia do público baiano, porque de
fato, não é conversinha dos cantores da Bahia e dos que vão à nossa cidade se
apresentar, quando dizem que o público baiano tem uma energia rara nesse país,
e cheguei a conclusão que é verdade, e entendi porque quando as pessoas vão a
show em nossa cidade ficam enlouquecidas, sempre querendo voltar, sendo esse
comportamento de repetição não só do público, mas também do artista, afinal
como diz a canção na Bahia “viver será só
festejar”, além de confirmar que “carnaval
na Bahia, oitava maravilha, nunca irei te deixar meu amor”.
Posso
dizer que o show de Ivete foi muito voltado para uma estrutura nacional, o que
é super compreensível já que ela é a grande estrela de patrimônio brasileiro,
já Saulinho não, seu show teve o encanto e a magia da Bahia, ele conseguiu trazer
e fazer São Paulo se transformar em Bahia por algumas horinhas com a sua
musicalidade. O show dele foi simplesmente lindo e me fez admira-lo muito mais
por isso.
O
show teve umas coisas bem engraçadas como algumas pessoas vestidas de abadá do
carnaval de Salvador (o que se vale ressaltar que ninguém usa abadá, quem usa
após a folia momesca é porque vai malhar com ele ou é considerado brega), gente
com aquelas passadeiras de bichinho (que só é utilizada no carnaval, ninguém
usa elas fora desse período, nem mesmo nas festas de trio de Praia do Forte) e das
pessoas sentadas no chão do fundo vendo o show de Ivete como se estivesse
assistindo um DVD.
Achei
a experiência ótima, e pra mim show de axé bom mesmo é em Salvador, afinal é de
lá que sai toda essa energia, mas aqui as coisas funcionam diferentes, porque
estamos falando de outra cultura e comportamento, mesmo sendo cidades do mesmo
país. Não estou desmerecendo nada, apenas observando tudo como alguém que
cresceu escutando, vivendo e amando a música e as estrelas da Bahia.
Finalizo
com as canções que me rendeu algumas lágrimas (risos), canta mais uma vez pra
mim Saulitcho e Ivetinha!
* Foto: Reprodução
Nenhum comentário:
Postar um comentário