Todo
dia me pergunto se o interesse em saber pela vida do outro é algo típico só do
baiano? Somos conhecidos em todo o Brasil pela receptividade e alegria, mas o
que muitos não sabem é que o povo da Bahia dá uma vida para saber o que o outro
anda fazendo, e, além disso, de sair por aí comentando. Não sei se isso é
problema de brasileiro ou das pessoas de lá, mas que isso acontece com certa
frequência por lá, não tenho dúvidas.
Lá
todo mundo sabe da vida de todo mundo, todo mundo conhece todo mundo e todo
mundo fala de todo mundo, e se você não faz parte dessa realidade, você é visto
como esnobe. O que pode ser algo bem pequeno, lá acaba se tornando algo tão
grande, que se duvidar chega a ser mais trágico do que uma Guerra Mundial.
Muitas pessoas confundem amizade com
submissão, e acham que só porque você é amigo dela, você tem obrigação de
contar absolutamente tudo, com pontos e vírgulas em seus devidos lugares, porém
nem sempre estamos com vontade de falar, e sim de ouvir. O que as pessoas não
entendem, é que o problema não é contar a vida, e sim à proporção que essa
história toma quando sai da sua boca, porque a fofoca e o disse me disse rolam
soltos, além de alguns comentários maldosos que parecem mais despeito e inveja.
Em
Salvador, muitos se acham no direito de dizer em tom de ordem, o que você deve fazer e o que ele acredita ser melhor
para você, sendo que espera lá, a vida é de quem mesmo? Cada um vive como pode e
com o que quer, mas não, as pessoas vivem a SÍNDROME DE TIETA. Não sabe o que significa? É só observar a beleza
da música do baiano, Caetano Veloso, para entender o que estou falando, afinal
por mais que não tenha “nada de novo no
luar, todo mundo quer saber com quem você se deita, e nada pode prosperar”.
O
mais interessante é que morando lá por alguns anos, e mesmo estando distante,
percebo que “é domingo, é fevereiro, é
sete de setembro, é futebol e carnaval”, porém “nada muda, é tudo escuro até onde eu me lembro, uma dor, que é sempre
igual”, o que quero dizer é que é preciso parar de conversa e de se
envolver na vida do outro, para aprender a viver a sua vida e as suas leis, sem
ficar julgando a lei dos outros, porque enquanto ficar nessa, nada vai evoluir
e a vida vai continuar “estreita com nada
de novo no luar”.
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